Pré história
Stonehenge.Indícios arqueológicos demonstram que a área hoje conhecida como o sul da Inglaterra foi povoada bem antes do restante das Ilhas Britânicas, devido ao clima ameno entre e durante as diversas idades do gelo. Os habitantes pré-romanos da Grã-Bretanha não deixaram documentos escritos e suas história e cultura são estudadas por meio de achados arqueológicos. Conservam-se poucos indícios da civilização dos primeiros habitantes da ilha, como o monumento megalítico de Stonehenge, que data da Idade do Bronze (até 2300 a.C.).
As técnicas de trabalho em ferro chegaram à Grã-Bretanha em cerca de 750 a.C., provenientes do sul da Europa, dando início à Idade do Ferro. Por volta de 500 a.C., a chamada cultura celta havia alcançado quase todas as Ilhas Britânicas. Os bretões da Idade do Ferro vivam em grupos tribais organizados, governados por um chefe.
A primeira menção histórica à região é do Massaliote Periplus, um manual de navegação para comerciantes provavelmente datado do século VI a.C. Piteas de Massília nele escreveu sobre sua viagem de negócios à ilha em cerca de 325 a.C. Mais tarde, outros autores, tais como Plínio, o Velho, e Diodorus Siculus, mencionam o comércio de estanho proveniente do sul da ilha. Tácito registrou que a língua falada na Grã-Bretanha não era muito diferente da empregada na Gália setentrional e notou que as várias tribos britânicas possuíam características físicas semelhantes às dos seus vizinhos continentais.
Invasão romana das ilhas britânicas
A Muralha de Adriano, no norte da Inglaterra.Em duas ocasiões, em 55 e 54 a.C., Júlio César invadiu a Britânia, mas não logrou conquistar território, limitando-se a estabelecer Estados-clientes. Em 43, Cláudio foi bem-sucedido em nova tentativa de invasão, dando início à província romana da Britânia.
Os britânicos defenderam sua terra, mas os romanos, militarmente superiores, conseguiram dominar a ilha. Iniciaram uma forte opressão contra o druidismo, religião mais popular no local na época.
Os romanos fundaram cidades, como Londres, e fortalezas, utilizando engenharia e arquitetura nunca antes vistas na Britânia. Também ergueram muralhas (como a de Adriano) que cruzavam a Grã-Bretanha de oeste para leste, cujo propósito era impedir incursões militares de tribos ao norte (no que é a atual Escócia) contra o território da província romana.
A influência romana também foi muito forte na cultura religiosa britânica. Primeiro, a própria história de deuses celtas foi desaparecendo, transformando-os apenas em deuses romanos com nomes celtas (uma relação mais ou menos parecida com a da mitologia grega com a romana. Os romanos também levaram para a ilha o cristianismo que, quando da retirada das forças romanas no século V, já tinha força considerável na Grã-Bretanha. Depois, as próprias disputas internas aumentaram a influência do cristianismo, fazendo o druidismo desaparecer gradativamente e sem deixar muitos registros históricos, pois os druidas recusavam-se a escrever sobre seus dogmas e rituais. E no próprio povo britânico, até mesmo entre os nobres, era raríssima a prática da escrita.
Júlio César esteve no sul da Grã-Bretanha em 55 e 54 a.C. e escreveu em seu De Bello Gallico que a população local era numerosa e tinha muito em comum com as outras tribos da Idade do Ferro no continente. Curiosamente, há poucas fontes históricas referentes à ocupação romana da Grã-Bretanha. Apenas uma frase sobreviveu a respeito das razões para a construção da Muralha de Adriano. A invasão de Cláudio é bem documentada e Tácito incluiu a rebelião de Boadicéia, de 61, na sua história. Na altura do século V, a influência romana já havia declinado consideravelmente. As legiões deixaram a ilha, provavelmente na mesma época da invasão saxônica, descrita a seguir.
A conquista anglo-saxã da Grã-Bretanha celta
Na esteira dos romanos, que abandonaram o sul da ilha por volta de 410 de modo a se concentrar em dificuldades mais urgentes e mais próximas do núcleo do império, ondas sucessivas de tribos germânicas começaram a chegar ao que é hoje a Inglaterra, inicialmente convidadas por Vortigern, rei dos bretões, na qualidade de mercenários empregados contra os irlandeses e os pictos.
Os jutos, frísios, francos ripuários, saxões da Germânia setentrional e anglos provenientes do que é hoje a Dinamarca, conjuntamente conhecidos como anglo-saxões, invadiram a Grã-Bretanha em meados do século VI. Assentados na costa oriental, forçaram a subida do rio Tâmisa à procura de mais terras aráveis nos vales, deixando as colinas para os bretões celtas. A população bretã foi em sua maior parte expulsa, uma parcela considerável foi exterminada e o que restou dela foi absorvido pelas populações anglo-saxãs (germânicas). Os anglo-saxões estabeleceram-se no que é hoje a Inglaterra e formaram diversos reinos independentes, dentre os quais os da chamada Heptarquia (Nortúmbria, Mércia, Ânglia Oriental, Wessex, Sussex, Essex e Kent). Com a sujeição da Nortúmbria em 829, Egberto de Wessex tornou-se o primeiro suserano (Bretwalda) sobre toda a Inglaterra.
As Invasões Vikings
A Crônica Anglo-Saxônica registra a incursão de 793 contra o mosteiro de Lindisfarne como ponto de partida na longa história de ataques vikings contra a Grã-Bretanha.
Após um período de saques e incursões, os vikings começaram a colonizar a Inglaterra e ali comerciar. Chegaram em barcos com bons exércitos, em sua maioria dinamarqueses, e tomaram para si praticamente todos os reinos ingleses, que eram independentes. A partir do fim do século IX, governavam parte considerável do território inglês, no que era conhecido como o Danelaw.
Alfredo, o Grande impediu a invasão dos vikings em seu reino, Wessex, por meio da construção de diversas fortalezas. Seu sucesso contra as incursões vikings e a reorganização do reino por ele empreendida fizeram com que a história lhe outorgasse o epíteto "o Grande".
A Inglaterra durante a Idade Média
Os normandos, vikings assentados na Normandia (França) que haviam adotado o francês como língua, conquistaram a Inglaterra em 1066. Guilherme da Normandia, que tinha direitos sobre o trono inglês, venceu ao rei saxão Haroldo Godwinson na batalha de Hastings e foi coroado rei. Guilherme (chamado "o Conquistador"), já rei da Inglaterra, ordenou a compilação do Domesday Book, um levantamento da população do reino com propósitos fiscais. A coroa passou a empenhar-se na estabilização da Inglaterra e na integração dos anglo-saxões e da nova elite anglo-normanda. A dinastia normanda duraria de 1066 a 1189, ano em que foram sucedidos pelos Plantagenetas.
Henrique I (1100-1135), filho de Guilherme I, deu continuidade à política de integração. Durante o desastroso reinado de Estevão I, sobrinho do rei Henrique I, (1135-1154), os barões feudais ganharam poder, instalou-se uma guerra civil e houve incursões galesas e escocesas. Com a morte de Henrique I, que havia nomeado a sua filha Matilde como sucessora ao trono, Estevão se autoproclamara rei. Em 1139, Matilde, que era casada com Conde de Anjou (Plantageneta), invadiu a ilha e capturou Estevão. Este último foi restaurado em 1148 e, por fim, chegou-se a um entendimento pelo qual ele seria sucedido no trono pelo filho de Matilde, Henrique de Anjou.
O filho de Matilde subiu ao trono como Henrique II e logrou centralizar o poder, afastando o país do feudalismo. Seu sucessor, Ricardo I Coração de Leão, dedicou-se à Terceira Cruzada e a defender seus territórios no continente contra Filipe II da França. Com a morte de Ricardo I, seu irmão João Sem Terra sucedeu-o. João perdeu a Normandia e outros territórios na França, além de hostilizar a nobreza feudal e a Igreja de tal maneira que estes, em 1215, revoltaram-se contra o rei e forçaram-no a assinar a Magna Carta, que impunha limites ao poder real.
Em 1216 com a morte de João, subiu ao trono seu filho Henrique III. Seu reinado tampouco foi brilhante. Caiu derrotado ante os franceses e se submeteu ao papado. Em 1258 instalou-se uma crise entre Henrique III e a nobreza inglesa, a qual forçou o rei a reafirmar os termos da Magna Carta e a jurar as chamadas Provisions of Oxford ("disposições de Oxford"), que entregaram o governo do país a um conselho com 15 integrantes e previa que o parlamento se reuniria três vezes ao ano.
Henrique III tratou de anular os acordos com a ajuda do papa, mas não foi capaz de submeter a nobreza, o que conduziu a uma guerra civil. Em 1264 Simão V de Montfort fez prisioneiro Henrique III. O poder ficou, a princípio, nas mãos de Montfort, que exerceu uma forte ditadura. Em 1265 reuniu um novo parlamento. Mas em 1265, Monfort foi derrotado e morto pelo príncipe herdeiro Eduardo. Henrique III foi restaurado e dissolveu o parlamento.
Eduardo I (1272-1307) promulgou leis que restringiam o poder do governo e convocou os primeiros parlamentos oficialmente reconhecidos. Conquistou o País de Gales e procurou ganhar o controle da Escócia, plano este custoso e demorado e que foi finalmente abandonado após a derrota de seu filho e sucessor, Eduardo II, na batalha de Bannockburn.